Direto ao Ponto #8 - Débora Rezende de Almeida (UnB)

Este é o sétimo número de Direto ao ponto, uma iniciativa de divulgação científica da plataforma Democracia e Participação. Nosso objetivo é dar visibilidade às pesquisas desenvolvidas no Brasil, reforçando o sentido da ciência e a sua conexão com a vida das pessoas. A cada edição, pesquisadores(as) contam sobre sua pesquisa em um áudio de um minuto. Nesta edição, Débora Rezende de Almeida (UnB) conta sobre seu artigo "Claims of misrepresentation: a comparison of Germany and Brazil”, com co-autoria com Petra Guasti (Goethe University Frankfurt). Nele, as autoras analisam a tensão vivida pela democracia representativa, em que instituições estão lutando para manter a legitimidade e os representantes eleitos não conseguem manter seu monopólio (formal) da representação política. 

Nesse contexto, uma multidão emergente de (novos) formuladores de reivindicações representativas vem contestando a autoridade dos representantes eleitos, bem como o funcionamento do sistema existente de democracia representativa, alegando deturpação ou ausência de representação (misrepresentation). Neste artigo, Guasti e Almeida argumentam que as reivindicações positivas de representação convivem com afirmações e discursos negativos, que negam a representatividade de outros atores políticos e algumas vezes a própria representação. 

A partir da associação desta perspectiva com a literatura sobre discursos populistas, antissistema e anti-partidos, mostram que os discursos de misrepresentation podem cumprir uma, duas ou todas as três funções a seguir: (1) elas apelam para um inimigo / antagonista (estratégia), (2) identificam causas de deturpação ou ausência da representação relacionadas às políticas públicas, à política e à polity (persuasão) e (3) afirmam criar um novo vínculo com o "povo", às vezes se apresentando como novos representantes ou propondo soluções para a crise (reenquadramento). Para testar essa estrutura proposta, o artigo compara os discursos proferidos por grupos da sociedade civil no Brasil (antes e durante o impeachment presidencial entre 2014 e 2016) e na Alemanha (com foco nos parlamentares da ‘Alternativa para a Alemanha’ durante os primeiros seis meses de mandato). Os resultados sugerem que as reivindicações negativas de representação não são intrinsecamente democráticas ou antidemocráticas, mas são ambíguas, têm manifestações diferentes e impactos díspares no sistema representativo. O artigo contribui para o desenvolvimento conceitual e metodológico da abordagem de reivindicações representativas e para a compreensão de vários desafios críticos e atuais à democracia representativa.

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